Análise Textual – Capítulo 32

(Por Thiago)

            O Capítulo 32 transporta-nos para uma longa jornada ao lado de nossa maga favorita. Acompanhamos Fa’Diel por uma pequena parte da costa leste de Primera. E tudo a pé! Uma caminhada de 6 dias! Isto já nos dá uma dimensão do tamanho do continente (e do mundo), que embora não seja pequeno, também não é tão grande. Andando em uma linha reta imaginária pelo centro de Primera, do ponto mais ao norte para o ponto mais ao sul, levaríamos quarenta e dois dias a pé. Para dar uma noção da distância aproximada, seria uma caminhada de Natal, no Rio Grande do Norte, até Buenos Aires, na Argentina; em torno de 4.800km. Existe uma razão para as dimensões deste mundo, que será revelada adiante na história.

            Falando em revelações, este episódio está super lotado delas. Foi o capítulo mais longo da saga até o momento e, sem dúvida, um dos mais difíceis, precisamente pela parte que lhe dá título: a carta de Titoh. O leitor atento de Illuria percebeu como a carta faz menção aos arcos de TODOS os protagonistas e amarra muitas de suas pontas soltas. É, meus amigos, estamos nos aproximando do fim do Volume Um. Agora a trama principal da saga está às claras e vocês já sabem o que está acontecendo de fato por trás dos panos.

            Um outro ponto que gostaria de chamar atenção: a vila pesqueira que Fa’Diel visita, um lugar “sem nome e sem governo”, que sequer está no mapa. É claro que o mapa ilustrado de Illuria não mostra cada cantinho do planeta, seria impossível! Nós destacamos as localidades principais, as quais serão mais mencionadas na história com frequência, ainda que os personagens não passem por todas elas. O vilarejo em questão, contudo, coincidentemente nos revelou um pouco sobre um personagem secundário; quem se lembrou do Gustave, da missão sentinela à Álgida, também mencionado nos capítulos de Zomma? Quando estou lendo, amo descobrir estes ovos de páscoa, escondidos pela trama, então é algo que trago para minha escrita também.

            Outra coisa bem legal que estamos fazendo com Illuria é adaptar ou ressignificar o folclore brasileiro. Demos um gostinho disso no Capítulo 20, com nossa versão do monstro labatut. E agora apresentamos nossa versão do curupira. A grafia da palavra na língua dos elfos solares (Solari), Kuru’Pira, foi inspirada na grafia da palavra em tupi, kuru’pir. Em Illuria, os Kuru’Pira (palavra que serve tanto pro singular quanto plural) são, na verdade, elfos solares incumbidos de proteger a Floresta Viva, suas árvores e seus animais, como o curupira da lenda. Digamos que os Kuru’Pira de Cereleste sejam como os sentinelas de Galileo. Não quero dar tantos detalhes agora, pois ainda veremos mais sobre eles adiante, mas tentamos preservar os aspectos principais do folclore: a conexão com as árvores, a camuflagem que praticamente os tornam invisíveis no mato e a missão de proteger a natureza. Vocês devem estar se perguntando: e os pés virados para trás? Calma, o Capítulo 32 já estava muito extenso, não dava pra incluir mais muita coisa! Haha.

            Por fim, queria salientar as distinções entre os estilos de escrita de Fa’Diel, Myfala e Titoh. Fa’Diel é extremamente detalhada em suas descrições e pensamentos, chegando a se perder neles. Já Myfala é o oposto; sucinta, prática, anotando somente as informações pertinentes, apressada, ansiosa e econômica com as palavras. Titoh, por sua vez, escreve de maneira lógica, catedrática e formal. Eu tenho um cuidado extra na hora de decidir como cada personagem se comunica, porque isto diz muito sobre eles. E como em Illuria os narradores são em primeira pessoa, ouso dizer que dar uma voz diferente para cada um torna a história mais interessante. Modéstia à parte, uma solução elegante para mostrar cada personalidade ao leitor, sem falar delas diretamente. Afinal, por que um narrador escreveria sobre sua própria personalidade, não é mesmo? Ao invés disso, ela é mostrada ao leitor pela forma como o personagem fala, pensa e escreve. Reparem como Andrei, Mak, Bianca, Zomma e Fa’Diel possuem escritas completamente diferentes entre si.

            Isto é tudo, pessoal! Domingo agora fechamos o arco da aeromante mais inteligente do reino. Até lá!

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