Análise Textual – Capítulo 30

(Por Thiago)

            Com o deslocamento do foco da história para Fa’Diel e Etéria, estamos tendo bem mais contato com magia e como ela funciona em Illuria. No Capítulo 30, Fa’Diel se utilizou de uma série de artifícios mágicos para conseguir escapar de seus perseguidores, o que nos deu uma noção maior de como a magia atua em nosso universo. Nesta análise quero falar sobre os dois sistemas de magia mais comuns em literatura fantástica e também qual foi escolhido para Illuria e por quê. Vamos lá!

            Os dois sistemas mais comuns são Hard Magic (Magia Rígida) e Soft Magic (Magia Leve). A diferença fundamental entre eles se dá na maneira como a magia é apresentada e desenvolvida nas histórias. O sistema de Magia Rígida preocupa-se em explicar o funcionamento da magia como um todo, suas regras e leis, os tipos de magia e a lógica por trás delas; em outras palavras, é um sistema que busca explicar a magia para os leitores como se fosse uma ciência. O sistema de Magia Leve é o extremo oposto, ele não está interessado em explicar como a magia acontece, ela simplesmente acontece, ela simplesmente existe, de uma forma inexplicável e admirável; em outras palavras, é um sistema que usa a magia de uma forma menos óbvia, como uma ferramenta para maravilhar o leitor.

            Temos um bom exemplo de Magia Leve em O Senhor dos Anéis e Game of Thrones. Nos dois casos, a magia não é explicada; ela aparece como um elemento raro nas tramas, muitas vezes desconhecido para os próprios protagonistas e visto como algo estranho ou perigoso. Ao não explicar os fundamentos da magia, ela sempre parecerá algo exótico ao leitor, algo incrível que acontece de vez em quando, mas a cada vez será fenomenal. Como magia é algo comum em Illuria, este sistema não funcionaria para nós. Porque em Illuria magos são como os X-men, haha, eles simplesmente nascem com estes poderes (pode ser que, eventualmente, seja explicada a razão por trás disso). Seria difícil usar um sistema de Magia Leve em um mundo com tantos usuários de magia.

            Eu considero Illuria um universo com sistema de Magia Rígida. Existe toda uma comunidade de magos dedicada a estudar e compreender a magia como fosse uma ciência e uma forma de arte (a Sociedade Exotérica). E eles já existem há muitos anos, de modo que não haveria como a magia ser algo desconhecido e alienígena. Tal qual as leis da física em nosso mundo, existem leis mágicas que regem a magia em Illuria (ainda serão apresentadas na história). A maneira como a magia é utilizada também segue alguns princípios (como a limitação de energia mágica em cada mago) e também opera de acordo com tipos de magia, como feitiço, encantamento, conjuração sublime ou a misteriosa forma-livre. Todas estas expressões arcanas são explicadas por Fa’Diel no Capítulo 28 e este conhecimento é transmitido diretamente ao leitor de uma forma lógica e plausível, de acordo com um sistema de regras próprio de Illuria – logo, Magia Rígida. Os feitiços e encantamento inclusive têm nomes para identificá-los, à la Harry Potter.

            Quero chamar atenção, no entanto, para o fato de termos uma exceção dentro deste contexto, que é a forma-livre. A forma-livre é a nossa pitada de Magia Leve presente em Illuria. Por ser um campo pouco conhecido da magia e menos estrito, foi a maneira que encontrei de inserir mistério e deslumbramento dentro de um sistema de Magia Rígida, que é mais prático e concreto pela sua própria natureza. Ainda veremos mais sobre a forma-livre, até porque Fa’Diel estava considerando usá-la para desenvolver Voo Livre, não estava?

            O autor de fantasia Brandon Sanderson explica muito bem os dois conceitos e eu separei uma vídeo-aula dele mesmo para vocês neste link, explicando os dois sistemas. Deem uma olhada! E até a próxima!

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