Reinos de Illuria: Ruggiero

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RUGGIERO, O REINO LIVRE

Geografia:

            Ruggiero localiza-se no Arquipélago da Iguana, no extremo norte do Oceano de Illuri. Por terra, faz fronteira apenas com Hedonícia, mas rotas marítimas através do Mar-de-Dentro também conectam o reino com Etéria, Cereleste (por meio de Mehial) e Galileo (por meio de Fortana). Toda sua região é formada por praias interligadas, o que dá a Ruggiero um aspecto desértico à primeira vista. Sua principal praia é Paradisa, também chamada de “a praia infinda”, por ocupar a maior ilha do arquipélago, de uma ponta a outra. Emergindo das areias, o reino também conta com alguns montes e montanhas. Pontes ligam todas as ilhas do arquipélago entre si, sendo possível acessá-las a pé.

            A vegetação litorânea predominante é a restinga, composta majoritariamente por plantas rasteiras, trepadeiras, gramíneas e arbustos. A árvore mais comum é o coqueiro, que se espalha pelas ilhas em tamanha abundância que chega a formar bosques inteiros. A imagem do coqueiro é tão popular, dentro e fora do arquipélago, que é impossível dissociá-la de Ruggiero, razão pela qual é considerada um símbolo não-oficial do reino. A fauna é composta por crustáceos variados, répteis (sendo a iguana o mais comum, o que explica o nome do arquipélago), aves (das quais tucanos e gaivotas são as mais comuns) e marsupiais (dos quais coalas e cangurus são os mais comuns).

            Seu clima é úmido e quente, variando pouco com as mudanças das estações. Apesar da temperatura e umidade favoráveis, o plantio é dificultado pela prevalência do solo arenoso, o que força o reino a importar quase tudo o que come.

            Ruggiero possui apenas uma cidade, Bellamàre, sua capital. Devido a um crescimento e expansão desenfreados, a metrópole ocupa sozinha quase uma ilha inteira; seu tamanho chega a ultrapassar o de outras capitais de porte semelhante, como Hedon e até Galileo. A posição geográfica de Bellamàre favorece as viagens marítimas e explica seu domínio absoluto sobre a porção norte do Mar-de-Dentro, conhecidamente “águas de piratas”.

História:

            Existem muitos boatos e lendas em torno da formação de Ruggiero. A história exata é motivo de debates e discordâncias no meio dos historiadores. Dentre todas, uma narrativa específica prevalece e vem ganhando vigor pelos anos afora, propagada inclusive pelos próprios habitantes do reino. E essa história teve início com um casamento.

            Famosos por firmarem seus pactos através do matrimônio, a Casa Hedonicci teria procurado a Quarta Casa para estreitarem seus laços casando dois de seus membros. Essa aliança teria nascido em algum instante anterior à Era dos Deslumbres, já que Édar Lunda ainda era um reino forte e influente. Dizem que dessa união surgiu uma ramificação das árvores genealógicas de ambas as famílias e esse galho seria a origem da Casa Ruggier, uma Casa Menor, estabelecida em Hedonícia, com terras nos Planaltos dos Bons Ventos.

            Os Ruggier herdaram as características principais de ambas as Casas, isto é, a habilidade náutica e a sede por conhecimento. A junção dessas qualidades fez dos Ruggier excelentes carpinteiros navais e armadores. Seus navios eram sem igual e muitas embarcações antigas, por perdurarem até o presente, são atribuídas a eles. Não só pela durabilidade da embarcação, mas também sua excelente engenharia, muito embora não haja qualquer prova de que tais navios tenham sido, de fato, produzidos por um Ruggier.

            Na verdade, no geral existem pouquíssimos registros históricos sobre os Ruggier e talvez os Hedonicci tenham alguma participação nisso. Quando se deu o Cataclismo Glacial e Édar Lunda caiu, perdendo todo seu prestígio, os descendentes da Quarta Casa deixaram de ser relevantes para a Casa Hedonicci, que não tardou em remover os títulos de nobreza de seus primos. Os Ruggier viram-se, subitamente, transformados em plebeus da noite para o dia. A partir disso, os Hedonicci não mediram esforços para apagar qualquer registro da Casa Ruggier, transformando-a em um mero rumor, como se nunca houvesse existido. Por óbvio, os Hedonicci não estavam dispostos a dividir seu poder com uma Casa que nada podia oferecer em troca.

            Naturalmente, os Ruggier tentaram reclamar seus privilégios e terras em Hedon, e como consequência disso foram tratados como criminosos e expulsos do reino. A revolta dos Ruggier não se deu de forma silenciosa; os descendentes do rei esquecido lutaram até o fim, primeiro em terra, depois no mar. Historiadores atribuem a esses conflitos um grande incêndio que quase destruiu Portis por completo, já no início da Era dos Heróis. Apesar de haverem lutado e resistido por muitos dias, desprovidos de um exército próprio, os Ruggier acabaram derrotados e viram-se forçados a fugir com seus navios e seu minúsculo séquito de apoiadores.

            Encontrariam refúgio ao norte, entre as águas calmas do Oceano de Illuri, nas ilhas paradisíacas do Arquipélago da Iguana, onde nenhum hedonício tinha motivo para ir. Lá se estabeleceriam e, com o passar dos anos, a região ficou conhecida como um reduto de marginais e bandidos. Qualquer procurado pela lei poderia conseguir abrigo e proteção nas ilhas. E assim o local foi crescendo e desenvolvendo, um criminoso de cada vez; tornou-se uma vila, depois uma cidade e, enfim, um reino. Seu nome, Ruggiero, era ao mesmo uma afronta e um lembrete a seus primos Hedoniccis – de que um dia, os Ruggier voltarão aos planaltos para reivindicar o que lhes pertence.

Presente:

            Não se sabe se há, ainda hoje, algum descendente da Casa Ruggier vivo (ou sequer se existiram, de fato), embora muitos ruggienses aleguem ter sangue Ruggier correndo em suas veias. A liderança de Ruggiero passou de mão em mão várias vezes ao longo dos anos, devido a inúmeros motins e rebeliões que permeiam o dia a dia do reino. Por esse motivo, Ruggiero é considerado um reino sem monarcas e quem o controla pode mudar com a mesma facilidade que o vento em alto mar. Devido a essa ausência de líderes formais, atribuíram-lhe a alcunha de Reino Livre, possivelmente inventada por seus próprios habitantes, que creem nela mais do que qualquer pessoa de fora.

            A realidade, contudo, é que Ruggiero não é tão isento de lideranças. Aqueles que detêm poder, influência e seguidores, são aqueles que verdadeiramente comandam o reino. E ninguém tem mais poder, influência e seguidores do que os Lordes Piratas da Confederação Náutica Insular, um grupo radical e extremamente violento, que usa da força bruta para conseguir vantagens dentro e fora de Ruggiero. O coletivo é governado por três Lordes Piratas (Baltazar Riso-de-Prata; Giovanni, O Eunuco; e Zionis, O Cinzento, sendo esse último um elfo sideral) e uma Dama Pirata (Carmina Barbada).

            Ruggiero não é somente o lar de piratas, mas também de ladrões, contrabandistas, assassinos, traficantes e toda sorte de bandidos e párias. Enquanto o resto do mundo os rejeita, Ruggiero os aceita de braços abertos, o que ocasionou um aumento desproporcional do reino. Como não existem leis na sociedade ruggiense, a melhor maneira de conseguir-se um módico de segurança é fazendo um nome para si, seja através do ouro, dos amigos certos ou da intimidação. O reino não possui uma força policial ou militar. Ao invés disso, cada um que controla alguma região de Bellamàre dispõe de sua própria gangue ou bando. Porém, quando todo o reino está sob ameaça, as gangues e bandos unem-se para combater o inimigo comum – talvez a única instância que propicie sua união.

            Ruggiero conseguiu, talvez na marra, inserir-se na economia mundial e com frequência realiza trocas com outros reinos (algumas mais discretas do que outras), à exceção, é claro, de Hedonícia. Ambos os reinos nutrem uma relação hostil um pelo outro, coisa que não fazem questão de esconder do resto do mundo. Porventura essa inimizade acabe, consequentemente, fomentando ainda mais o mito dos Ruggier, para o bem ou para o mal. Politicamente, contudo, não existem conversas diplomáticas entre qualquer nação e Ruggiero, pois os lobos do mar recusam-se a tratar com reis, príncipes, nobres ou qualquer um de sangue azul e nariz em pé. Submeter-se a isso é curvar-se para uma coroa e um ruggiense não se curva para ninguém. O Reino Livre faz o que quer, vai aonde quer e toma o que desejar para si. E ai daqueles que ficarem em seu caminho.

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