Reinos de Illuria: Orkhan

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ORKHAN, O REINO ÁRIDO

Geografia:

            Orkhan ocupa a porção sul de Primera, hoje cercada pela cordilheira Mandíbula do Dragão, que impede sua comunicação com o resto do continente. No passado, o reino fazia fronteira com Qazárqan e Galileo. Embora atualmente não possua rios, o reino é envolto pelas águas do Mar-de-Dentro e do Oceano do Criador. Sua região é composta por montanhas e, em sua maior parte, um deserto. Esse é o Deserto Rubro, cujo nome deriva do tom avermelhado de sua areia. A formação desse deserto modificou drasticamente a geografia e a história de Orkhan; trataremos dele no tópico seguinte.

            Com vegetação rala e espaçada, sua flora é praticamente inexistente, formada por gramíneas, arbustos e cactos. A areia quebradiça e vermelha do Deserto Rubro, até onde se sabe, é infértil e improdutiva, considerada imprópria ao plantio. Além do solo, a fauna também sofreu alterações severas desde o surgimento do deserto. A grande maioria das espécies que antes habitavam a região, ou migraram ou extinguiram-se, e as que sobraram se adaptaram de uma maneira surpreendente: o gigantismo. Répteis, insetos e, principalmente, escorpiões tornaram-se maiores e mais resistentes com o passar dos anos de enclausuramento, como versões gigantes de si mesmos; uma resposta da natureza às novas condições impostas.

            O clima no deserto é seco em todas as estações do ano, variando entre os dois extremos: muito quente durante o dia e muito frio durante a noite. Chuvas são eventos raros em Orkhan, ainda que chova em regiões próximas. As montanhas espinhosas da Mandíbula do Dragão bloqueiam as nuvens mais baixas e os ventos que sopram do norte.

            Antes por questões geográficas do que por sua pouca influência política e econômica, Orkhan foi escolhido para comportar uma Torre Cardeal da Sociedade Exotérica – a Torre Sul, a primeira a ser desativada, ainda durante o período da guerra. Estima-se que ela tenha sido completamente soterrada quando do surgimento da Mandíbula, invocada pelos próprios magos que ergueram a torre.

            Um único vale abre caminho pela cordilheira que separa Orkhan do resto de Primera: o Vale Vermelho. A Cidadela Amurada, Ultima, guarnecida pela Legião dos Sentinelas, está instalada na extremidade externa do vale, com sua muralha fortificada e impenetrável, impedindo que os orks escapem de sua prisão.

História & Cultura:

            A história de Orkhan é nebulosa, pois os orks demoraram a desenvolver a escrita, de modo que não há registros textuais de sua antiguidade. Mesmo nos dias de hoje, a tradição oral ainda é a forma de registro histórico-cultural prevalente. Segundo o Mito da Criação popularmente aceito, os orks teriam sido gerados pelo Criador no segundo dia da Quarta Era, do mesmo molde dos humanos, mas tirando-lhes tempo de vida. Diz-se também que, do molde dos orks, o Criador teria gerado todos os monstros, razão pela qual os orks são chamados de “pais dos monstros” – uma acepção rejeitada pelos orkin e considerada pejorativa.

            Estima-se que os primeiros orks não tenham comparecido às reuniões diplomáticas promovidas pelos elfos e, depois, pelos gnomos, nas quais conhecimentos foram compartilhados pelas raças antigas com as raças mais jovens, o que talvez explique o atraso de Orkhan. Quando os demais povos já se organizavam em reinos e cidades, os orks ainda viviam em tribos, como caçadores e coletores.

            Segundo as lendas contadas pelos próprios orks, nessa época Orkhan – que na língua orkin significa, literalmente, “terra dos orks” – era uma grande e vasta selva, equiparável em tamanho apenas à Floresta Viva. Por essa razão, na época a alcunha atribuída ao reino na época era de Reino Selvagem, muito embora a nação não fosse um reino propriamente dito. Orkhan não possuía uma administração pública ou uma estrutura de governo centralizada na figura de um líder; não havia Estado. Ao invés disso, cada tribo detinha e controlava sua porção de terra, sua khan. As tribos eram geridas cada uma à sua maneira, geralmente comandadas por um ou mais clãs, dos quais um chefe de tribo era escolhido por algum feito em caçada, em combate ou demonstração de força física.

            Os orks envolveram-se pouquíssimas vezes nos eventos externos à sua “Terra-Mãe”, alheios à política mundial e mais ocupados com as disputas entre tribos. Somente no caso de um inimigo comum à toda a selva que as tribos uniam-se em uma só, uma horda, atuando como um exército conjunto até que o mal fosse aplacado. Apesar das diferenças entre si, todos os orks têm algo em comum, que sempre fala mais alto em seus corações: o zelo por suas raízes e por sua terra – sua casa.

            Sua expectativa de vida naturalmente baixa era encurtada ainda mais pelo seu estilo de vida. Um ork atinge a maioridade aos dez anos; com trinta, é considerado um ancião. Para equilibrar seus números, a natureza encarregou-se de promover neles uma taxa de natalidade elevadíssima; porventura a única razão para não estarem ainda extintos. Uma ork fêmea é capaz de gerar, em uma gestação, quatro ou cinco bebês (muitos dos quais se matam ainda no útero, lutando entre si). O conceito de gêmeos, todavia, é inexistente em sua cultura. Já que todos os orks nascem assim, essa é considerada a normalidade. Um filho único é uma ocorrência rara, tratada como um enfraquecimento do sangue. Geralmente, filhos únicos são abandonados no nascimento, para serem devorados pela selva.

            Devido aos conflitos entre si, tribos surgiam com a mesma velocidade que desapareciam; as derrotadas que sobreviviam, geralmente eram dominadas e absorvidas pela vitoriosa. Desse modo, era impossível que se organizassem, de maneira que o progresso do reino ficou estagnado em uma perpétua idade da pedra. Isso não parecia desagradar os orkin, contudo, que acreditavam acima de tudo em uma filosofia guerreira e na lei do mais forte, e não se preocupavam com ciência ou magia. Seu maior incentivo para essa forma de ver o mundo originava-se na fé, na sua interpretação do Criador, por eles chamado de O Caçador. Para os orks, toda a criação é uma pintura feita com o sangue derramado pelas vítimas do Caçador; cada acontecimento favorável, significa que o Caçador capturou sua presa; cada acontecimento desfavorável, significa que a presa fugiu.

            Vivendo tão pouco, a morte é vista por um ork como algo corriqueiro, uma eventualidade do dia-a-dia. Em sua morte, um ork tem dois caminhos: ao morrer como um guerreiro valoroso, junta-se à tribo do Caçador e à sua caçada infindável; ao morrer como um fraco ou derrotado, torna-se uma das presas sendo caçadas pelo Caçador e sua tribo. E assim será por toda a eternidade.

Presente:

            Os momentos da História mundial nos quais os orks fizeram-se mais presentes foram as guerras e, sem dúvida, o maior deles foi a Guerra Eclipsal, que alteraria suas vidas para sempre. Quando Os Cinco publicaram Os Cinco de Illuria, revelando aos povos o conteúdo de seus achados, foram os elfos lunares quem traduziram o livro para os orks. Na mitologia do livro, foi proposto pela primeira vez que todos os monstros teriam se originado dos orks. Se por influência dos lunari ou se por seu próprio orgulho guerreiro, fato é que os orks ficaram irreparavelmente ofendidos com aquela afirmação. Dessa ofensa nasceu a Lua Sangrenta, a aliança entre Orkhan e Tråajis.

            Como é sabido, a aliança do Sol de Ferro saiu vitoriosa e derrotou a Lua Sangrenta com o auxílio d’Os Cinco e dos magos de Etéria. As tropas de orks e elfos lunares foram forçadas a recuar para o Sul e fugir para Orkhan. Com o poder do Orbe Mágico, os magos invocaram uma cordilheira inteira em torno do reino, encarcerando os orkin e os lunari. Assim surgiu a Mandíbula do Dragão, seu crescimento tão desenfreado que continuou crescendo através do Mar-de-Dentro, com montanhas despontando das águas, até atingir Secunda. Foi a última vez que os orks foram vistos em liberdade.

            De algum modo, os elfos lunares conseguiram retornar para Tertiera, mas os orks escolheram ficar; jamais abandonariam sua Terra-Mãe. Porém, as consequências do enclausuramento foram terríveis para com sua amada Orkhan. Fechados por todos os lados como um forno, sob o sol escaldante as temperaturas do reino aumentaram consideravelmente, secando todos os seus rios. Isso, por sua vez, causou a morte da vegetação local e o desaparecimento da selva. Gradualmente, ano após ano, a erosão das montanhas avermelhadas foi cobrindo Orkhan com terra vermelha, até se tornar o Deserto Rubro dos dias atuais. Além disso, um efeito colateral do feitiço gera, de tempos em tempos, golens de pedra, que simplesmente se erguem das areias e vagueiam pelo deserto até encontrarem um alvo para sua ira.

            Sem contato com o mundo externo, os orks esgotaram todos os recursos naturais restantes da região. É um mistério como ainda consigam sobreviver. A única saída para o continente seria pelo Vale Vermelho, impossibilitada pela construção de Ultima e sua muralha. Fugir pelas montanhas seria praticamente impossível, com os constantes deslizamentos alterando o terreno e dificultando a travessia. Não se tem notícia de um ork sequer haver escalado a Mandíbula e escapado para Primera, embora se saiba que, ainda durante a Era dos Heróis, alguns orks desertores teriam conseguido fugir pelo mar. Teriam usado dos espinhos despontado das águas como ilhas, nadando de montanha em montanha, até chegarem à Secunda. Muitos orks teriam morrido nessa que ficou conhecida por A Longa Travessia. Apenas os melhores nadadores sobreviveram à jornada marítima. Esses orks conseguiriam asilo político em Hedonícia, até se restabelecerem e fundarem uma nova nação: Teth’Orkhan, a nova terra dos orks.

            Quanto aos orks que permaneceram no deserto, as adversidades sofridas desde a guerra forçaram as tribos a unirem-se, formando uma só horda: os Gothnoi, que em orkin significa “os ascendidos”. Suas intenções, se é que possuem alguma, ainda são desconhecidas. Se eles pretendem prosseguir com o legado de seus antepassados, só o tempo dirá. Uma coisa é certa: não há como prever o que teria acontecido à toda Primera caso a Lua Sangrenta houvesse vencido a guerra. Quem sabe os orks cumpririam seu papel citado no Mito da Criação, pelas palavras do próprio Criador: “Vão e conquistem a terra! A vocês é dado o mundo para conquistarem!”

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