Análise Textual – Capítulo 26

(Por Thiago)

            E chegamos ao sexto capítulo do elfo sideral e soldado de elite, Zomma. Seria a conclusão de seu arco introdutório? Até o momento, cada narrador teve seis episódios (cinco no caso de Andrei), entrecortados pelo artigo de Malaquias. Tudo indica que o mesmo acontecerá agora e, dentro em breve, um novo narrador será apresentado (ou seria uma narradora?).

            O Capítulo 26 trouxe novamente os “cortes” no meio da narrativa, indicando uma passagem de tempo. Eu gosto de usar os asteriscos para isso, assim:

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            Tivemos contato com eles pela primeira vez no Capítulo 24, no qual vimos também o ponto de vista de um NPC, o escriba (explicado na Análise Textual 24 também). Posso adiantar que isto não se deu à toa, como tudo o que foi introduzido na história até o momento. Estes cortes aparecem agora para vocês, nossos leitores, irem se habituando com eles aos poucos. Embora o último capítulo tenha sido inteiramente narrado pelo Zomma, é bem provável que, num futuro não muito distante, vejamos narradores já familiares dividindo um mesmo capítulo. Será? O tempo dirá! Mas é bem provável, viu? Bem provável, haha! 😛

            O Capítulo 26 teve um grande foco em diálogos, por se tratar de um julgamento (que não era um julgamento). Confesso que, quando comecei a pensar na forma que queria produzir Illuria, eu não sabia muito bem como inseriria diálogos na história. Tanto é que os primeiros capítulos não possuem tantos. Porque como são diários, notas etc, se formos analisar friamente, não faria muito sentido, certo? Quando pessoas do mundo real anotam suas recordações, elas não descrevem conversas deste modo, simplesmente anotam o que foi dito e acabou. Mas se eu fizesse isso, creio que a narrativa ficaria pobre.

            A solução foi, como costuma ser para a maioria dos autores, a licença poética. Apesar do meu perfeccionismo, tive de aceitar que algumas coisas precisavam fugir da verossimilhança para dar um volume ao conteúdo, dar vida às cenas e voz aos personagens. Imagine como seria Illuria se não houvesse diálogo! Um horror! Então tive de cometer esta pequena transgressão do realismo para entregar uma história bem contada. Mas prometo que há uma explicação plausível para a razão de tantas pessoas decidirem manter diários; ela será mostrada mais para frente. Promessa é dívida!

            O que as pessoas dizem tem a capacidade de enriquecer a história, sem necessidade de descrições super elaboradas para mostrar um ponto. Por exemplo, quando Zomma está levando Ishnar para o gabinete de Ulisses, um cidadão de Ultima grita pelo portão:

            “Escória ork! Forca! Forca!”.

            Este simples grito já nos mostra claramente como os orks são vistos, sem carecer de grandes descrições. Temos outro bom exemplo quando Ishnar revela os efeitos subterrâneos do feitiço que gerou o deserto, citando a destruição da cidade dos elfos lunares, Ixzonidirr. Ele diz:

            “(…) E, pela forma como se entreolham, posso deduzir que vocês não sabiam disso até hoje. (…)”

            Através da voz de Ishnar, vemos as expressões confusas dos comandantes diante daquela notícia, de novo sem precisar descrevê-las. E, por fim, vemos uma discreta (e rara) demonstração de afeto entre Zomma e Zylah no final do capítulo:

            “(…) Que droga, Zomma, eu sinto muito, velho amigo.”

            “Não se preocupe, velha amiga.”

            Não é dito como eles se olham ou quais são suas expressões faciais, mas com tudo o que sabemos dos dois, sobre seu passado, sobre as dores de ser um elfo sideral, podemos deduzir o sentimento da cena. A bagagem emocional e informativa que carregamos até aqui nos ajuda a preencher as lacunas e enxergar a cena para além do diálogo. Tudo isto em duas frases. Este é o poder do diálogo! Como eu poderia abdicar dele em prol de mais realismo? Simples: não poderia!

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