Análise Textual – Capítulo 24

(Por Thiago)

            Nesta análise quero comentar sobre uma característica já clássica em Illuria, que figurou mais expressivamente no Capítulo 24: os múltiplos pontos de vista.

            À esta altura, nossos leitores estão habituados com a maneira como a narrativa transcorre – dividida entre vários narradores, cada um com uma trama individual, mas que apresentam elementos em comum que sugerem uma trama maior acontecendo “por trás dos panos”. O que mais me agrada nesta técnica narrativa é a possibilidade de conexões entre as histórias que só ocorrem na mente do leitor.

            Quer um exemplo? O sentinela Gustave, que vemos no arco de Bianca e que foi mencionado agora no arco de Zomma. Pedro revela para Bianca que Gustave fora coagido a ingressar na Legião por crimes cometidos na capital (Capítulo 16). Mais adiante, já em Zomma, ouvimos Xom chamar Gustave de “ladrãozinho galileno mau-caráter” (Capítulo 22). Agora, quem se lembra do destino da guilda dos ladrões de Galileo (a Fraternidade das Sombras)? Madame Bovári conta para Mak, no Capítulo 13, que muitos ladrões capturados pela guarda de Belídio são forçados a ingressar nos sentinelas (sendo a outra opção a forca). Juntando estas três informações, podemos concluir que Gustave, muito provavelmente, era um membro da Fraternidade e, quem sabe, conhecido de Mak!

            Illuria é recheado de pequenos detalhes assim; é a mágica dos múltiplos pontos de vista. As referências cruzadas entre os episódios formam uma visão total e sólida dos acontecimentos, enquanto que a informação individual em cada capítulo possa parecer vaga. E, finalmente, eu pude explorar essa técnica dentro de um mesmo capítulo! No 24, começamos com Zomma, mas no meio do capítulo, subitamente, somos levados para o relatório do escriba de Ultima, para então depois voltar para Zomma.

            Eu queria dar uma descrição detalhada acerca dos acontecimentos no Forte Atalaia, porém mais próximo do que seria um narrador em terceira pessoa, ou seja, menos pessoal. Eu também queria mostrar o lado mais estrategista de Zomma e achei que isso poderia ser melhor elaborado pelos olhos de outro narrador. O escriba caiu como uma luva e posso adiantar que teremos outros capítulos como esse, entrecortado por diversos narradores protagonistas ou NPCs, como no caso do escriba, haha.

            Para quem não é familiarizado com o termo do RPG, NPC significa non-player character (personagem não-jogador). Basicamente, são todos os demais personagens do mundo, controlados pelo mestre do jogo e não pelos jogadores.

            Eu acredito que essa técnica enriquece a história e envolve o leitor, trazendo-o para dentro do universo e fazendo-o imaginar. E imaginação é a alma da fantasia, certo? 😉

            Por hoje é só, pessoal. Sei que muitos de vocês deviam estar esperando por uma análise focada no mascarado Ishnar. Afinal, que entrada triunfal! E que poder persuasivo e de argumentação! Um personagem tão misterioso assim certamente pede uma análise para ele, e terá! Será a próxima! Por enquanto, vamos curtir o mistério em torno dele mais um pouco.

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