Análise Textual – Capítulo 18

(Por Thiago)

            Nesta análise quero falar sobre pesquisa! Todo mundo que escreve sabe que, muitas vezes, levamos mais tempo pesquisando um tema do que escrevendo sobre ele. E o Capítulo 18 está repleto de exemplos. Vejamos alguns:

            “Terminei de arrumar minha mochila, depois fui até a cozinha ver o que vovó havia preparado. No caldeirão de ferro, sobre o fogão à lenha, fumegava um ensopado de carne de foca e rabanete. (…) Aproveitei para descascar algumas beterrabas para ela e acrescentei ao ensopado.” – 9º parágrafo.

            “Meu amigo teve de colocar mais roupas e trocar de armadura; a lata velha galilena seria um fardo extra desnecessário sobre o trenó, que sobrecarregaria os cães. Além disso, as juntas molhariam com a neve e congelariam, impedindo o movimento e transformando as placas em um caixão de metal.” – 25º parágrafo

            “Ao entrarmos no canil, Pedro surpreendeu-se com o tamanho dos cães. Enquanto aprontava o trenó, passando óleo nas lâminas para facilitar o deslize e afivelando as coleiras às rédeas, contei a ele a lenda do cão-lundino.” – 29º parágrafo.

            Nesses três exemplos, chamo a atenção para os detalhes a respeito da alimentação no Norte, da armadura de Pedro e da preparação do trenó. São detalhes rápidos no texto, mas que fazem toda diferença para tornar o cenário verossímil. Vale a pena, muito embora esses detalhes possam passar despercebidos (mas o que importa é estarem lá! Alguém vai perceber!). Na maioria das vezes, as pesquisas tomam muito tempo para escrever só algumas linhas. Querem ver?

            Eu tive de pesquisar a alimentação dos esquimós (uma das inspirações para Álgida) para confirmar que se come carne de foca e também quais legumes são plantáveis na tundra (nesse caso, rabanete e beterraba). Tive de pesquisar sobre armaduras de metal e sua interação com climas frios (essa foi de longe a pesquisa mais difícil, mas aprendi muito sobre armaduras no geral, que servirá para vários outros capítulos). Por fim, pesquisei o funcionamento de trenós e seu deslocamento na neve. Tudo isso para a história ficar crível. As pesquisas acabam levando mais tempo do que escrever porque é importante checar várias fontes confiáveis para confirmar sua busca. E às vezes é uma informação que só será usada em uma frase, haha.

            Se você escreve, sabe do que estou falando. A preocupação em ser congruente com a realidade (verossimilhança) tem que prevalecer, ainda que se trate de uma história de fantasia. Deve-se ter ao menos alguma similaridade com nosso mundo, para que o leitor se identifique. Imagine se os algidinos estivessem se alimentando de hambúrguer com batata frita, haha. Não faria o menor sentido! Do mesmo modo se Pedro fosse para a região mais gelada do mundo vestido como um homem de lata não faria o menor sentido. E assim por diante.

            Alguns exemplos de Capítulos anteriores: as ferramentas de ourives de Madame Bovári (Capítulo 13), as plantações dos monges do Bosque dos Lamentos (Capítulo 3), o uso dos pombos-correio mencionados em diversos capítulos, formações geográficas utilizadas no mundo etc. Tudo resultado de muita pesquisa. Queremos que este mundo seja apresentado e construído de uma forma inteligente e coerente. O processo está sendo gratificante (tô aprendendo muito!).

            Como costumam dizer: escrita é 10% inspiração, 90% transpiração (trabalho!). Até a próxima, pessoal!

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