Análise Textual – Capítulo 13

(Por Thiago)

            Quantas coisas aconteceram no Capítulo 13! Quantas coisas descobrimos! E tudo ao curso de uma conversa. Este é o poder dos diálogos e é sobre eles que quero falar nesta análise.

            Praticamente todo o Capítulo 13 transcorre em torno de uma mesa, no papo animado (e, às vezes, lúgubre) entre Madame Bovári e Mak. Como é que, ao final do capítulo, temos a sensação de ter visto muito mais do que uma saleta na sobreloja da joalheria, toda decorada com pinheiros de Hedonícia? A resposta está, literalmente, na ponta da língua: diálogo.

            Tenho um cuidado especial com os diálogos de Illuria, porque é dar voz a mais pessoas, numa história já repleta de vozes (narradores). A minha maior preocupação é nunca criar um diálogo sem função categórica. Seria um desperdício tremendo, quando temos a opção de sempre inserir algo nas entrelinhas.

            E o que seria esse algo? Ora, as possibilidades são muitas. Podemos inserir elementos do mundo (world-building), ou podemos demonstrar uma forma específica de falar (tom), ou podemos esconder detalhes sobre a história desta ou daquela pessoa (desenvolvimento de personagem), ou podemos ainda soltar informações sobre a trama, pressagiando o que está por vir (foreshadowing). Abordamos todos estes temas em Análises passadas (se quiser conferir, basta clica no link).

            Vou pegar um exemplo do texto para ilustrar o que quero dizer melhor:

            “A pirataria é… Como posso dizer? Violenta demais pro meu gosto. Nenhuma sutileza. Se nutrisse amores pela barbárie, nunca teria saído de Imiru. Por isso gosto de Galileo, a vida é mais elegante aqui.”

            Quantos detalhes em uma única fala! Aqui temos um indício do passado de Mak em Imiru e uma pista do porquê ele saiu de lá. A opinião dele sobre violência e quanto à elegância de Galileo, também nos diz muito sobre sua pessoa. Vamos mais fundo nessa fala, pontuando cada elemento.

            “A pirataria é… Como posso dizer (tom)? Violenta demais pro meu gosto (desenvolvimento de personagem). Nenhuma sutileza. Se nutrisse amores pela barbárie, nunca teria saído de Imiru (world-building e foreshadowing). Por isso gosto de Galileo, a vida é mais elegante aqui (desenvolvimento de personagem e world-building).”

            Tudo isso em apenas 34 palavras. É importante ser econômico em literatura e dizer o máximo que puder, fazendo uso do mínimo a seu dispor. Vocês conseguem pescar essas minúcias no resto das falas? Aposto que se relerem o capítulo, verão tudo com outros olhos. É a crítica literária florescendo na mente de vocês. 😉

            Por fim, um recado: o leitor que sempre checa a página dos Capítulos e olha o nome do próximo, já teve um pequeno spoiler de que este (talvez) tenha sido o último episódio do arco inicial de Mak. Já viu o nome do próximo capítulo? Parece familiar? Será que em breve um(a) novo(a) personagem será introduzido? Aguardem! Até logo, pessoal.

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