Análise Visual – Prólogo

(Por Ana Clara)

            Criar um novo mundo é uma oportunidade de ouro para poder exercitar minha imaginação e minha arte ao máximo. Cada personagem, cenário ou cena precisam de algum aprofundamento em diversos temas: vestimenta, penteado, postura, móveis, vegetação, construções… até mesmo fatores psicológicos dos personagens ou clima da narrativa podem definir como será feita a representação.

            O processo todo, de maneira resumida, se inicia com a leitura do texto, destaque dos pontos-chave para a narrativa visual, pesquisa de referências, estudo da composição e só então parte para o esboço, digitalização e pintura.

            Meu maior desafio na ilustração do Prólogo, “Os cinco à porta”, foi conseguir passar a dimensão do local com uma perspectiva interessante. Foram inúmeros esboços e até uma composição em 3D pra entender melhor toda a locação. Contei com muita ajuda nessa etapa, já que nunca havia mexido em programas de 3D. Abaixo segue o estudo (beeem básico) da composição no programa, de forma que eu conseguisse entender melhor a perspectiva e a incidência da luz (que acabei alterando um pouco pra favorecer a narrativa).

            Para a posição dos personagens, usei fotos (de nós mesmos, haha) como referência (infelizmente caseiras demais para serem expostas xD ) e montei a configuração do posicionamento de cada um no esboço, junto com uma prévia do estudo de cores.

            Fora a cena como um todo, cada personagem em si foi um longo estudo à parte.

            O primeiro de todos não poderia deixar de ser Mijbar, o líder d’Os Cinco. Toda sua armadura foi inspirada por elementos da floresta, especialmente folhas. O objetivo era criar uma armadura leve, móvel e resistente (além de elegante, afinal, ele é um elfo do sol!). 

            Em seguida veio Sandrine, A Barda. Seu item de destaque é a cítola em suas costas, um instrumento que descobri ter um som lindíssimo através da pesquisa inicial (vale a pena checar) e que eu não conhecia. Para proteger suas mãos – suas ferramentas de trabalho – usa luvas sem dedo, de forma que possa tocar (ou manipular gazuas) livremente.

            Vriitja, o elfo da lua, tem uma armadura leve e com bastante mobilidade, além de uma capa longa com capuz para se esconder na sombras, para onde se esgueira na cena. Os detalhes em sua vestimenta remetem às fases lunares e a movimentos fluidos, como ondas ou vento. Em sua perna, nota-se uma bainha com algumas adagas, revelando um ar mais sombrio d’O Assassino.

            Trûr começou como um grande desafio para mim e acabou sendo um dos que mais me encantei em fazer, devido aos estudos da textura do ferro. Não era algo que estava acostumada a fazer, mas através de pesquisas e estudos consegui chegar no resultado que imaginava e me diverti muito no processo. Além disso, gostei de fazer sua cabeleira volumosa e ruiva.

            Mais próximo de nós está Zacarias, O Mago, e nosso narrador do capítulo. Com sua postura mais receosa, olha para trás (ou seria para nós?), revelando seu rosto mais velho e sua barba branca como seus cabelos. Sua roupa é leve e sua maior arma está na bolsa à sua direita: seu livro arcano, ou grimório.

            Depois de já definida a composição e os personagens, segui para a pintura do cenário que, apesar de ter poucos elementos, é cheio de texturas. Toda a torre, descrita como parecendo uma pedra de verde leitoso, levou-me a pesquisar texturas de cristais, pedras e mármores, chegando a esse resultado. Fora isso, é descrito que os personagens deixam suas pegadas na poeira. E você pode notar que elas estão lá, algumas mais leves, outras mais pesadas. Você consegue identificar?

            E por fim: a porta. Ah, a porta! Cento e quarenta e uma gemas desenhadas uma a uma, pintadas uma a uma. Um exercício de paciência que se tornou quase meditativo, mas que trouxe o resultado que eu queria. 

            Espero que você tenha apreciado cada pedacinho dessa ilustração como eu também pude apreciar ao criá-la. Cada cantinho dela carrega um pouco da história que se revelou até o momento. Depois de passarmos tanto tempo juntos, já me sinto até íntima d’Os Cinco, como se eu mesma estivesse lá com eles.

            Essas são as maravilhas da imaginação e a capacidade que a arte tem de nos fazer transcender o tempo e o espaço. 

            Até a próxima!

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