Como Illuria começou…

(Por Thiago)

            Foi num fim de tarde de domingo. Virei pra Ana do nada e perguntei se queria ouvir uma história. Pega de surpresa e fisgada pela curiosidade, ela aceitou e de imediato recebeu o alerta: não é uma história curta ou simples. E assim começamos, quase por acaso. A cada ponto de virada na história, eu perguntava pra Ana, “Posso continuar?”, a fim de averiguar se ela estava se divertindo tanto quanto eu narrando.

            – Continua, eu quero saber o que acontece – ela respondia.

           Não exagerei quando eu disse que a história era longa. Iniciamos no fim da tarde e encerramos já madrugada adentro. Também não foi exagero chama-la de complexa; por diversas vezes ao longo da narrativa, Ana interrompia para tirar uma dúvida ou confirmar uma suspeita sobre este ou aquele personagem. Lembro que minha futura esposa ficara particularmente encantada com o fato dos heróis serem repletos de falhas e defeitos, às vezes chegando a se contradizerem, o que não tornava suas vozes totalmente confiáveis; ela, a ouvinte, precisava entender a trama e filtrar os acontecimentos e decidir por ela mesma no que acreditar.

            – É como se fossem pessoas reais – confessou ela.

            – Eles são pessoas reais – afirmei.

            Ao terminar a história, não pude acreditar: Ana tinha adorado! A gente ainda estava se conhecendo na época e eu jamais imaginaria que uma fantasia com elfos, orks, dragões e magia seria do seu interesse. Quem sabe eu ficasse menos inseguro narrando se houvesse, antes, me deparado com a trilogia do Senhor dos Anéis na estante dela, entre outras. Uma coincidência das muitas que nos rodeiam. Com tantas coisas em comum, o aparecimento de mais esta foi sem surpresa, mas muito bem-vinda, pois eu também sou fã de Tolkien e literatura fantástica. Ana mal pôde acreditar que Illuria era, na verdade, uma campanha de RPG (Role-playing Game) que eu havia inventado e jogado com amigos, anos atrás.

            – Você criou tudo isso? – ela perguntou. – Os lugares, o mapa, os personagens, as lendas?

            – Sim, tudo – respondi.

            E revelei para ela minha maior frustração: Illuria nunca havia concluído. Embora eu tivesse a campanha inteira pronta, esquematizada do começo ao fim, por cambalhotas da vida o grupo de RPG se desfez antes de concluirmos a aventura; uma enfermidade que acomete tantos rpgistas mundo afora. Infelizmente, a jornada de Andrei, Mak, Bianca, Zomma e Fa’Diel jamais viu um final, feliz ou triste. E eu fiquei para sempre com aquela sensação de livro abandonado pela metade. Seria Ana a mudar esse cenário, com aquelas cinco palavrinhas mágicas:

            – Você deveria escrever esta história.

            Boom! Minha mente explodiu. Eu amo literatura e amo escrever, mas sempre fui mais de descrever o mundo real e a contemporaneidade. Como nunca havia pensado em escrever fantasia antes? Como nunca havia pensado em escrever Illuria antes? E na hora que a ouvi, a ideia veio pra mim e também eu soltei cinco palavrinhas mágicas:

            – Eu escrevo, se você ilustrar – lancei em tom de desafio.

            De lá até agora, tanta coisa aconteceu. O que começou como uma brincadeira descompromissada, foi aos poucos amadurecendo e ganhando forma. Ana retomou seus estudos de desenho e pintura; eu voltei a escrever prosa e, pela primeira vez, fantasia. Ao dar por mim, já tinha uma cartolina colada na mesa do escritório com um mapa surgindo, tinha o esboço de uma linha do tempo em um caderno velho, tinham rascunhos numa folha de papel que evoluiriam para conceitos de arte, já tinha até capítulo com ilustração prontos, e subitamente tinha um site e é nesse ponto que nos encontramos agora.

            Eis aí o poder e a grandiosidade da imaginação: bastou juntar duas mentes criativas para que a história ganhasse vida e começasse a andar sozinha. O que era um sonho virou um projeto. O que era um projeto virou realidade. Illuria irá acontecer, está acontecendo, e já tem data marcada pra ser publicada (já falo sobre isso!). Compartilhei esta história com minha alma gêmea e, a partir disso, a história deixou de ser minha e passou a ser nossa. Ana forneceu traço e cor à palavra escrita, e assim deu forma ilustrativa ao conto, que é também uma maneira de narrar. Enquanto narradores, somamos as ideias, debatemos os personagens e temas, a fim de criar uma trama diversa, inteligente, divertida e, é claro, repleta de aventuras e reviravoltas porque é disso que a gente gosta, não é?

            Daquela tarde de domingo até agora, Illuria nasceu, cresceu e engatinhou. Agora é o momento de dar os primeiros passos. Porque para Illuria acontecer de verdade, faltou compartilha-la com a peça elementar desse quebra-cabeça: você! O leitor ou a leitora que nos fizeram o favor de ler este texto até aqui. Sim, você aí! Illuria foi feita para você sorrir, chorar, se emocionar e descobrir um mundo novo. Nós iniciamos o projeto no ápice da pandemia de covid-19. Com as mudanças ocorridas em nossas vidas e perspectivas, decidimos que era hora de tentar fazer algo diferente, algo que explorasse nossa criatividade, que nos transportasse para novos horizontes mesmo limitados às fronteiras do lar. Illuria foi esta válvula de escape, mas agora se tornou mais do que isso. Queremos te convidar a fazer parte desta jornada e te levar para caminhar nas Planícies Verdejantes onde o vento fala e canta, ou quem sabe visitar a ilha de Etéria, local em que a magia reina, ou ainda passear pela capital imperial, Galileo, durante o festival do centenário da guerra. Queremos, acima de tudo, apresentar uma história incrível e trazer um tico de entretenimento nesses dias repetitivos da quarentena. Para isto Illuria existe e para isto Illuria continuará existindo.

            Para finalizar, resta apenas informar a agenda de publicações, não é? Podem marcar em vossos calendários, o grande lançamento será 19/07 (sim, semana que vem)! A partir do prólogo postado nessa data, publicaremos um novo capítulo a cada domingo. Illuria será publicada como folhetim, semanalmente, e cada episódio virá acompanhado de uma ilustração. Textos por mim, desenhos pela Ana. Por enquanto soltaremos apenas este spoiler. Contudo, ao longo desta semana até o grande dia, postaremos mais informações aqui no blog (então já favorita aí pra não perder). Por ora, queríamos compartilhar a origem deste projeto – a história da história havia de ser o primeiro post aqui. Agora que você conhece, você também faz parte dela.

           Já favoritou o blog? Assinou o feed? Então só falta confirmar presença no evento de lançamento, que pode ser acessado neste link: EVENTO DE LANÇAMENTO. Aproveitem também para curtir a página do Facebook, ouvi dizer que pistas e easter eggs serão soltados por lá de vez em quando. Não perca!

            No mais, obrigado pela sua leitura, seja muito bem-vindo ou muito bem-vinda, esperamos com todo nosso coração que você se divirta.

           “– Antes de abrir a porta, eu gostaria de falar algumas palavras. Faz muito tempo que estamos na estrada, companheiros, mais tempo até do que posso recordar. Hoje, aqui e agora, esta jornada termina. Decerto cuidam que ao cruzarmos esta porta nada será como antes, se o que buscamos estiver aqui. Se o Livro dos Tempos estiver aqui, conheceremos a verdade sobre tudo, sobre nosso mundo, porventura até além dele. Vocês estão preparados para a verdade? Saibam que a verdade pode ser uma bebida inebriante, cujo sabor não se conhece por doce ou amargo até beber. Asseguro-lhes, nenhum monstro ou masmorra que confrontamos até aqui se compara com este desafio. Porque o que estamos prestes a descobrir pode contrariar tudo o que sempre acreditamos. Vocês estão abertos a esta possibilidade? Estão prontos para enfrentar isto?” (trecho do prólogo: Os Cinco à Porta)

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